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- No céu, para onde o Redentor, quarenta dias depois da ressurreição, subiu por virtude própria, à vista de seus discípulos, que do alto do monte Olivete o contemplavam (LVII,1).
- Que significa a expressão “Jesus Cristo subiu ao céu e está assentado à direita de Deus Padre?”
- Significa que, sem sobressaltos, aflições, nem temores para o futuro, goza e desfrutará eternamente o repouso da bemaventurança celestial, e que, igual ao Pai, no uso de um privilégio exclusivo, é Rei do universo e julga a todos os seres da creação (LVII,LVIII).
- Por que se atribue especialmente a Cristo o poder judicial?
- Primeiramente, porque Jesus Cristo, enquanto Deus, é a Sabedoria do Pai, e o ato de julgar é um ato da Sabedoria e da verdade; em segundo lugar, porque Jesus Cristo, enquanto homem, é pessoa divina, e na sua natureza humana radica a dignidade de chefe da Igreja e portanto, de todos os homens, já que todos hão-de comparecer diante do tribunal de Deus; além disso possue em toda a sua plenitude a graça santificante, que dá capacidade ao homem espiritual para emitir juízo reto e acertado; finalmente, porque merece ser denominado juiz dos céus e da terra, aquele que neste mundo sofreu os rigores de um processo e que condena os injustos para defender os foros da Justiça divina (LIX,1-4).
- Começou Jesus Cristo a exercer o poder judicial, que constitue a prerrogativa mais excelsa da sua realeza, desde o momento em que subiu aos céus e tomou assento à direita de Deus Padre?
- Sim, Senhor, e tudo quanto desde então ocorre no mundo, o movimento do universo, o desenvolvimento e evolução do gênero humano, o ciclo dos seres inanimados, as ações dos anjos bons e maus com sua influência nos acontecimentos. Ele o dirige e governa; e não só tem direito à realeza e mando enquanto Deus, de Quem a Providência é um dos atributos, mas também enquanto homem, por ser Filho de Deus e pessoa divina, e também porque, com a sua morte e paixão, conquistou tão elevado cargo e dignidade (LIX,5).
- Esta ação judicial tão intensa e minuciosa que Jesus Cristo vem exercendo desde o dia da sua Ascensão, não faz inútil o juízo universal que há-de realizar-se no fim dos tempos?
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- Governa Cristo aos anjos com os mesmos títulos com que rege aos homens?
- Não, Senhor, porque, se bem que o Filho de Deus recompensa aos anjos bons com a glória eterna e castiga aos maus com o suplício da eterna condenação, nem os premeia nem os castiga, enquanto homem, mas somente como Deus; os homens, ao contrário, recebem de Cristo, enquanto homem, o poderem entrar na posse da bemaventurança; e dos seus lábios ouvirão os réprobos, no dia do juízo final, a sentença definitiva que os condena aos suplícios eternos. Apesar disto, os mesmos anjos, assim como os demônios, estão sujeitos ao poder soberano do Filho de Deus feito homem, desde o momento da sua Incarnação e de um modo especial, desde o dias da sua Ascensão e entrada triunfal no céu.
- Todas as ações e intentos para salvar ou perder os homens ficam submetidos ao foro judicial de Jesus Cristo e os primeiros receberão Dele, enquanto homem, o suplemento da recompensa devido aos seus bons ofícios, assim como os maus, o aumento de pena de que os faz merecedores a sua perversidade (LIX,6).
Suma Teológica em forma de catecismo de São Tomas de Aquino /AASCJ
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