terça-feira, 19 de julho de 2011
A alegria vem depois da tristeza
Espera confiantemente, a alegria vem depois da tristeza.
Pediste-me que te escrevesse palavras de consolação, a fim de reconfortar o teu ânimo amargurado por tantos golpes dolorosos.
Mas se a tua prudência e sensatez não estão adormecidas, a consolação já chegou, porque as próprias palavras mostram sem sombra de dúvida que Deus te está instruindo como a um filho para alcançares a herança. Assim o indicam claramente estas palavras: Filho se queres servir a Deus, permanece na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação (Eclo 2,1-2). Onde existe o temor e a justiça, a prova de qualquer adversidade não é tormento de escravos, mas antes correção paterna.
Porque até o bem-aventurado Job, quando diz no meio dos flagelos da infelicidade: Quem dera que Deus me esmagasse que estendesse a sua mão e pusesse fim à minha vida, logo acrescenta: Terei a minha consolação, porque me atormenta com dores e não me poupa (Job 6,10).
Para os eleitos de Deus, aprovação divina é consolação, porque, através das dores momentâneas que suportam, progridem a grandes passos na firme esperança de alcançar a glória da felicidade eterna.
É para isso que o martelo bate no ouro: para que o ourives possa extrair a escória; é para isso que se usa a lima: para que a veia do vibrante metal brilhe com mais fulgor. É no forno que se experimenta o vaso do oleiro, é na tribulação que se experimentam os homens justos (Eclo 27,5, Vulg.). Porque também diz São Tiago: Considerai como motivo de grande alegria, irmãos, as diversas provações por que tendes passado (Tg 1,2). É a bom título que se devem alegrar aqueles que neste mundo suportam a tribulação temporária pelos seus pecados, mas tem guardada para si no Céu uma recompensa eterna pelas boas obras que praticaram.
Portanto, enquanto te atingem os golpes da desgraça, enquanto és castigado pelos açoites da correção divina, não te deixes vencer pelo desalento, não te queixes nem murmures não te deixes amargurar pela tristeza nem impacientar pela fraqueza de ânimo; mas conserva sempre a serenidade no teu rosto, a alegria no teu coração, a ação de graças na tua boca. São certamente dignos de todo o louvor os desígnios de Deus, que atinge nesta vida os seus para os poupar aos flagelos eternos; abate para elevar, fere para curar, humilha para exaltar.
Portanto, robustece o teu espírito na paciência com estes e outros testemunhos das Escrituras divinas, e espera confiadamente a alegria que vem depois da tristeza. Que a esperança daquela alegria te reanime e a caridade te inflame, de tal modo que o teu espírito, santamente inebriado, esqueça os sofrimentos exteriores e anseie com entusiasmo pelo que interiormente contempla.
Das Cartas de São Pedro Damião, bispo (Liv. 8,6: PL 144, 473-476) (Séc. XI).
Não desperdices o teu sofrimento!
Uma das coisas que mais impressionavam em Jesus era a capacidade que Ele tinha de se compadecer do sofrimento das pessoas.
Ele olhava para cada pessoa em particular e vivia com ela os seus sofrimentos.
Independentemente do que vivemos, Jesus está sempre unido a nós, pois Ele tem um olhar especial pelos que sofrem. É no sofrimento que mais nos parecemos com Ele.
Vivemos num mundo que busca o prazer a qualquer custo, no qual a ideia de prazer foi vinculada à felicidade. Por isso, falar de sofrimento é ir contra a corrente.
Acredita-se que somente seremos felizes se tivermos prazer em tudo o que fazemos.
Desta forma, o sofrimento virou sinónimo de infelicidade.
O cristão é convidado a mostrar ao mundo um testemunho diferente. Mostrar que se damos sentido e significado aos nossos sofrimentos, neles encontramos a felicidade.
Talvez o maior problema hoje seja este: as pessoas andam a desperdiçar o seu sofrimento.
Se eu dou sentido ao sofrimento que vivo, santifico-me. Tu é que escolhes o sentido que vais dar a esta palavra na tua vida. Quantas pessoas – com doenças graves – encontraram sentido para as suas vidas a partir do momento em que começaram a ajudar outras pessoas com o mesmo problema.
O que tornou tantos homens e mulheres santos na história não foi o sofrimento que viveram, mas o sentido que deram ao seu sofrimento. Aprenderam a não desperdiçar estes momentos para se aproximar de Deus e dos outros.
É preciso que aprendamos a sofrer. É preciso que dêmos sentido aos nossos sofrimentos. Uma mulher que vai dar à luz uma criança sofre, mas não pensa nas suas dores; ela só pensa no filho que carregará nos braços e verá crescer. A mãe entende que a alegria que virá depois será muito maior do que o sofrimento presente. São Francisco de Assis dizia: “É tão grande o bem que espero, que todo o sofrimento me é um grande prazer”.
Não há sofrimento grande ou pequeno. Qualquer sofrimento é capaz de nos levar à santidade e lançar no céu. Assim, é preciso que cada um de nós aprenda a viver intensamente as visitas de Deus nos momentos de dor.
A escolha é de cada um. Sofrer por sofrer ou sofrer com sentido – mesmo nos momentos de dor. Usa o teu sofrimento para ir além das tuas limitações, para ir além do que te vês capaz de fazer ou viver. Supera-te!
Se não desperdiçares o teu sofrimento, surgirá nos teus lábios um sorriso capaz de ressuscitar muitos que estavam a prestes a morrer. Isto é santidade. Não desperdices o teu sofrimento!
QUE AGRADÁVEL É MORRER, QUANDO SE TEM VIVIDO SOB A CRUZ
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sofrimento
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