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Virgem e Fundadora
(Fundadora das Irmãs
Clarissas Concepcionistas)
* * * * *
Santa Beatriz da Silva nasceu em Ceuta, quando esta cidade pertencia a Portugal.
Possuía descendência real luso-espanhola, pertencendo à mais alta nobreza da Corte.
Como Condessa, costumava subir com muita frequência ao monte Hacho, com a finalidade de venerar Nossa Senhora de África, pois, desde a mais tenra idade, nutria grande veneração e amor à Imaculada Conceição.
Tinha 10 anos, quando o seu pai regressou a Portugal.
Foi no ano de 1447, que despediu-se do solar da família Ruiz da Silva e Meneses, com a finalidade de acompanhar, na qualidade de Dama de Honra, a Princesa Isabel de Portugal, que partiu para Castela, a fim de contrair Matrimónio com o Rei daquela nação, D. João II de Castela.
A Corte não tinha um lugar fixo, variando conforme as circunstâncias.
Às vezes, residia em Madrigal de Altas Torres, onde viria a nascer a princesa Isabel, a Católica.
Outras vezes, residia em Tordesilhas.
Tudo dependia das circunstâncias do ambiente cortesão, onde existia um clima de alguns perigos e intrigas.
Beatriz da Silva era uma pessoa de deslumbrante beleza.
Apesar de possuir sangue real, era uma graciosa donzela, que excedia todas as demais de seu tempo, em formosura e gentileza.
Isto fez com que a própria Beatriz se desse conta de que a sua rara beleza passara a ser motivo involuntário de constantes rivalidades entre os seus apaixonados pretendentes.
Muitos condes e duques tencionavam pedir a sua mão em casamento.
Havia acaloradas disputas e lances de amor por sua causa.
Mas Beatriz refugiava-se e permanecia em oração e silêncio.
Diante dessa incómoda circunstância, expressou que trocaria a sua aparência pela da mulher mais feia do mundo.
Pela sua extrema piedade, não tardou que o poder do mal, contra ela, lançasse seus furores.
Boatos maldosos surgiram, ao ponto de colocarem em dúvida as virtudes de Beatriz.
Foi quando começou a crescer na rainha ideias fantasiosas, acerca da fidelidade conjugal do Rei, que poderia deixar-se levar pela formosura de Beatriz e pela sua "má índole", cujas mentes maliciosas caluniosamente haviam propagado.
Cega de ciúmes, a rainha, extremamente encolerizada, decidiu investir contra ela de maneira violenta.
Um dia, fez-se acompanhar de Beatriz a um sótão escuro e empurrou-a para dentro dum grande cofre, que foi fechado à chave.
Dias depois, abriu a arca e, esperando encontrar um cadáver, achou Beatriz viva e com perfeita saúde.
Este cofre encontra-se preservado, até hoje, junto ao Convento de Santa Clara, em Tordesilhas.
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Então, Beatriz decidiu fugir das intrigas da corte.
Dirigiu-se a Toledo e foi aceite no Mosteiro de S. Domingos.
Não abraçou a vida monástica, mas seguiu o mesmo estilo de vida das monjas, durante um período de 30 anos.
Nessa época, Isabel (a Católica), na condição de nova rainha, que às vezes acompanhava a sua mãe, em Arévalo, costumava, embora com alguma dificuldade, visitar Beatriz.
Nutrindo grande admiração por ela, concedeu-lhe o Palácio de Galiana e o Mosteiro de Santa Fé.
Foi neste mosteiro que Beatriz ingressou, com doze religiosas, depois de 30 anos de espera, com o nome de Maria Imaculada, onde fundou a sua Ordem contemplativa e franciscana da Concepção (Clarissas Concepcionistas).
A Congregação expandiu-se rapidamente, tanto na Europa quanto na América.
O Papa Inocênio VII foi quem aprovou a Bula, no ano de 1489.
Em 1491, a Bula foi levada solenemente da Catedral de Toledo até ao Mosteiro de Santa Fé.
Poucos dias depois, Beatriz caiu gravemente enferma.
Apenas no seu leito de morte, recebeu o hábito religioso e pronunciou os Votos, como Madre Fundadora da Ordem.
Ao ungirem a sua fronte, milagrosamente apareceu uma estrela, sendo este o motivo porque, nos quadros e imagens, a sua figura de Santa é representada com uma estrela na testa.
Santa Beatiz partiu para a Eternidade em 17 de Agosto de 1491.
Foi declarada Beata por Pio XI, em 1926, e canonizada cinquenta anos depois, em 1976, pelo Papa Paulo VI.
* * * * *
R E F L E X Õ E S
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Dotada de grandes Virtudes cristãs, permaneceu, desde criança até à morte, em fidelidade extrema aos ensinamentos cristãos, nutridos pelo grande amor que tinha pela Imaculada Conceição de Nossa Senhora.
E ainda antes de se lhe fecharem os olhos deste mundo, viu a sua Ordem Religiosa, recém-fundada, a ser aprovada canonicamente.
Santa Beatriz, nas adversidades, procurava o recolhimento e a oração.
E não se deixou levar: nem pelas honrarias, nem pelos prazeres da vida, nem pela sua extrema beleza.
A sua Vida foi de total entrega aos Preceitos cristãos, reforçada pelo Amor ardente que tinha à Santíssima Virgem.
As circunstâncias especiais da sua geração e origem levam-nos a perguntar, hoje:
Onde estão todos os condes e duques, que perderam o seu precioso tempo, não só cobiçando, mas entregando-se em acaloradas disputas e rivalidades, por causa das apaixonadas pretensões que tinham por Santa Beatriz?
Onde estão os membros da corte real, os reis e rainhas da sua época?
Em contrapartida, onde está agora Santa Beatriz, assim como todas as Irmãs que um dia fizeram parte do grémio da Congregação das Concepcionistas?
Aprofundemo-nos mais um pouco:
Onde estão todas as pessoas que, já tendo falecido, se divertiram, brigaram, casaram, separaram, trabalharam, entregando-se a vícios e paixões; ou que, pelo contrário, viveram santamente?
Não é verdade que todos esses corpos, desde a Criação do mundo até há uns anos atrás, viraram cadáveres, mas cujas almas partiram, umas para a Vida eterna, outras para a perdição eterna?
A vida terrena é muito curta.
Se tivermos sorte, conseguiremos chegar aos efémeros 80 anos.
Mas daqui a não muito tempo, tal como todas pessoas que nos precederam, iremos também tombar na terra, desaparecendo neste mundo, indubitavelmente.
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Jesus Cristo não veio ao mundo por acaso, nem se deixou crucificar por brincadeira, mas encarnou, sofreu e morreu, por uma causa importantíssima!
Verdadeiramente, Ele veio trazer-nos todos os meios e instrumentos de Salvação eterna.
Não percamos, pois, nenhum minuto do nosso preciosíssimo tempo, com paixões, contendas, rivalidades inúteis, apegos materiais, prazeres e vaidades ilusórios e passageiros.
Só uma coisa nos deve importar:
Praticarmos os ensinamentos de Cristo e vivermos os ensinamentos da Santa Igreja, transmitindo este precioso Tesouro aos nossos filhos, assim como a outras pessoas em geral.
Quem se entrega só ou principalmente às coisas vãs e terrenas, também deixará aos seus filhos essa mesma herança, que apenas pertence à terra, onde todos seremos sepultados.
O nossa alma segue para a Eternidade, mas todos os bens materiais permanecem na terra, perdendo-se com o tempo.
Quem, porém, procura praticar e ensinar os Preceitos de Deus e da Igreja, deixa aos filhos a mesma herança divina, abrindo-lhes o caminho para a Vida eterna.
Não pode haver, portanto, maior tesouro e melhor herança!
Santa Beatriz da Silva, assim como todos os Santos, desprezou as coisas terrenas e mesquinhas, porque a sua alma estava voltada só para os bens eternos e divinos.
* * *
Peçamos à Santíssima Virgem, de quem Santa Beatriz era fiel devota, que interceda junto ao Divino Espírito Santo, a fim de nos proporcionar um claro discernimento entre as coisas da terra e as coisas do Alto, entre a santidade e o pecado, entre a vida e a morte, entre a verdade e a mentira, entre o bem e o mal.
Peçamos-lhe, enfim, para que a nossa visão não se deixe ofuscar pelas coisas efémeras, mas para que seja cristalina para as coisas de Deus, a fim de podermos ser uma lâmpada sobre a mesa, alumiando todas as pessoas do nosso convívio.
Luz como a Estrela que foi Santa Beatriz, escolhida por Deus para iluminar o mundo.
Assim seja.
+ Santa Beatriz da Silva, rogai por nós!
Fonte: Blog Nova Evangelização Católica
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