domingo, 22 de janeiro de 2012

Bispos resistentes na China: Personagens do Ano 2011


Quem foi o personagem mais digno de nota em 2011?

A revista “Time” pretendeu que foi um simbólico agitador de rua muçulmano, “indignado”, incendiário de Londres ou de outro lugar. Outros propuseram personagens da política, da cultura ou do espetáculo, com menos força de convicção.

Como personagens do ano 2011, a agência AsiaNews propôs dois “grandes desconhecidos”. Por certo desconhecidos pelos homens, mas não por Deus.

O primeiro é Mons. Tiago Su Zhimin (à direita na foto), de quase 80 anos, Bispo de Baoding (Hebei), preso pela polícia socialista chinesa em 8 de outubro de 1997.

Ninguém sabe qual é a acusação, nem mesmo se houve algum processo contra ele, ou pelo menos onde o bispo está.

Em novembro de 2003 foi descoberto por acaso que ele estava internado num hospital de Baoding, estreitamente rodeado por policiais do sistema repressivo. Os parentes puderam lhe fazer então uma inesperada e apressada visita. O regime não tolerou este contato e o bispo está desaparecido até hoje.

O segundo é Mons. Cosme Shi Enxiang (à esquerda na foto), 90 anos, bispo de Yixian (Hebei), preso em 13 de abril de 2001. Dele não se sabe ao pé da letra nada. Seus parentes, amigos e fiéis continuam pedindo à polícia, sem resultado, qualquer notícia, por menor que seja.

Antes da última prisão, Mons. Su Zhimin passou pelo menos 26 anos em cárceres ou em campos de trabalhos forçados. Seu crime era ser “contra-revolucionário”, porque desde os anos 50 sempre recusou aderir à espúria e cismática Associação Patriótica, que pretende edificar uma igreja nacional em ruptura com o Papado.

Trabalhos forçados: herança de Mao Tsé Tung ainda viva

Mons. Shi Enxiang passou encarcerado de 1957 até 1980. Naquele período ele foi constrangido a trabalhos agrícolas forçados em Heilongjiang, bem como nas minas de carvão de Shanxi. Voltou a ser preso em 1983; depois passou três anos em prisão domiciliar.

Em 1989, após a formação da Conferência Episcopal dos bispos “subterrâneos” – leia-se fiéis ao Papado e perseguidos pela polícia e pelo clero colaboracionista – ele foi detido mais uma vez e solto em 1993, para voltar a ser preso em 2001. No total, Mons. Shi já passou 51 anos na prisão.

Teme-se que o regime chinês o faça morrer sob tortura,como já aconteceu a outros bispos. Foi o caso, por exemplo, de Mons. José Fan Xueyan em 1992; de Mons. João Gao Kexian em 2006, e de Mons. João Han Dingxiang em 2007.

O governo de Pequim, quando interpelado, responde cinicamente “não sabemos”. “Não sabemos” é também a resposta aos melífluos agentes da distensão vaticana com a ditadura marxista.

A suavidade mostrada até agora pelo Vaticano no dialogo com as autoridades chinesas – prossegue AsiaNews – não conseguiu liberar estes bispos nem as dezenas de padres “subterrâneos” que definham nos campos de concentração chineses.

Coisa espantosa: os seus nomes não são pronunciados nem sequer nas orações pelos cristãos perseguidos nas igrejas “ecumênicas” e teoricamente não-socialistas do Ocidente.

Pior ainda, enquanto eles seguiam padecendo tormentos e os efeitos de décadas de prisão e violências, a CNBB acolhia “ecumenicamente” os enviados dos algozes na sua sede de Brasília.

Fonte: Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

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