terça-feira, 15 de novembro de 2011

A mãe de Deus morreu ?


21. A propósito da conclusão da vida terrena de Maria Santíssima, a Bula de definição do dogma da Assunção afirma: “A Virgem Imaculada, que fora preservada de toda a mancha de culpa original, terminando o curso da sua vida terrena, foi elevada à glória celeste em corpo e alma” (LG, 59).

Como se percebe, o Papa Pio XII não quis negar o fato da morte, mas julgou oportuno não afirmar solenemente a morte da Mãe de Deus, como verdade que devia ser admitida por todos os fiéis. Alguns teólogos afirmaram a isenção da morte da Santíssima Virgem e a sua passagem direta da vida terrena à glória celestial.

Contudo, existe uma tradição que considera a morte de Nossa Senhora e sua assunção à glória celeste.

Quando se tratou da ocasião dEla morrer e ser levada aos céus, a linguagem teológica muito sutil e delicada, não fala da morte de Nossa Senhora, mas fala da dormitio de Nossa Senhora – em português diz-se dormição, que vem da palavra dormir –, e que só se aplica para a morte de Nossa Senhora.

Quer dizer, uma morte tão leve — se é que se pode dizer assim —, tão tênue — se se pudesse dizer -, uma verdadeira morte, mas, se se pudesse dizer, Ela ficou tão viva na morte que se falou da dormição de Nossa Senhora. Ela teve o que chamamos de: Dormitio Beata Maria Virginis.

Até havia, antigamente, um sistema muito bonito de mostrar a dormição de Nossa Senhora, – para dar a idéia do efêmero desta morte, – sempre junto à Assunção. No mesmo altar, embaixo, uma concha com cristal, representando uma imagem de Nossa Senhora toda vestida, deitada em atitude de prece e, logo em cima, Ela subindo aos Céus, para não separar a morte da idéia da Assunção.

2. Vários Padres da Igreja teceram comentários a respeito da “dormitio” de Nossa Senhora.

Por exemplo, São Tiago de Sarug (449-521), segundo o qual quando para Nossa Senhora chegou “o tempo de caminhar pela via de todas as gerações”, ou seja, a via da morte, “o coro dos doze Apóstolos” reuniu-se para enterrar “o corpo virginal da Bem aventurada” (Discurso sobre a sepultura da Santa Mãe de Deus, 87-99 em C. VONA, Lateranum 19 [1953], 188);

São Modesto de Jerusalém ( 634), depois de ter falado amplamente da “beatíssima dormida da gloriosíssima Mãe de Deus”, conclui exaltando a intervenção prodigiosa de Nosso Senhor Jesus Cristo que “a ressuscitou do sepulcro” para a receber consigo na glória (Enc. in dormitionem Deiparae semperque Virginis Mariae, nn. 7 e 14; PG 86 bis 3293; 3311);

São João Damasceno ( 765-749), pergunta: “Como é possível que aquela que no parto ultrapassou todos os limites da natureza, agora se submeta às leis desta e seu corpo imaculado se sujeite à morte? ”

E responde: “Certamente era necessário que a parte mortal fosse deposta para se revestir de imortalidade, porque nem o Senhor da natureza rejeitou a experiência da morte. Com efeito, Ele morre segundo a carne e com a morte destrói a morte, à corrupção concede a incorruptilidade e o morrer faz d’Ele nascente da ressurreição” ( Panegírico sobre a Dormida da Mãe de Deus, 10: SC 80,107).

3. É verdade que a morte é um castigo do pecado. Todavia, o fato de Maria Santíssima ter sido, por singular privilégio divino, isenta do pecado original, Ela mesma quis submeter-se também à morte para até nela assemelhar-se a seu divino Filho.

A mãe não é superior ao Filho, que assumiu a morte, dando-lhe novo significado e transformando-a em instrumento de salvação. Associada à nossa redenção por Nosso Senhor Jesus Cristo, a Santíssima Virgem quis participar dos sofrimentos e da morte em vista da redenção da humanidade.

Também para Ela pode-se aplicar a afirmação de Severo de Antioquia (465-542) a propósito de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Sem uma morte preliminar, como poderia ter lugar a ressurreição?” (Antijulianistica, Beirute 1931, 194 s.). Para ser partícipe da ressurreição de Cristo, Maria Santíssima quis para si também a morte.

4. São Francisco de Sales (1567-1622) considera que a morte de Nossa Senhora se tenha verificado como efeito de um transporte de amor. Ele fala de um morrer “no amor, por causa do amor e por amor”, chegando por isso a afirmar que a Mãe de Deus morreu de amor pelo seu Filho Jesus (Traité de l’Amour de Dieu, Lib. 7, c. XIII-XIV). Pode-se dizer que a passagem desta vida à outra constituiu para a Santíssima Virgem uma maturação da graça na glória, de tal forma que jamais como nesse caso a morte pôde ser concebida como uma “dormida”.

5. Em alguns Padres da Igreja encontramos a descrição do próprio Nosso Senhor Jesus Cristo vir acolher a sua Mãe no momento da morte, para introduzi-la na glória celeste. No final da sua existência terrena, ela terá experimentado, como São Paulo e mais do que ele, o desejo de se libertar do corpo para estar com Nosso Senhor, no Céu, para sempre (cf. Fl. 1,23).

6. Por essas razões, podemos invocar, com inteira confiança, para aqueles que chegam à hora suprema da vida: “Nossa Senhora da Boa Morte, rogai por nós”.

Fonte: Alguns dados extraídos de http://vocacionadosdedeusemaria.blogspot.com/ADF

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