quinta-feira, 16 de junho de 2011
O inferno visto e descrito por Santa Francisca Romana – Parte 1
Santa Franscisca Romana
“Lembra-te dos teus novíssimos e não pecarás” (Ecl. 7,40) — recomenda a Sagrada Escritura. Os novíssimos do homem são as últimas coisas que a ele ocorrerão, ou seja, a morte, o juízo particular, o Céu, o inferno, o purgatório, o fim do mundo, a ressurreição dos mortos e o juízo final.
A 9 de março a Igreja comemora a festa de uma grande santa, cuja vida foi marcada por extraordinárias visões que teve do Céu, purgatório e inferno, bem como a ação dos anjos e dos demônios neste mundo. Trata-se de Santa Francisca Romana.
Nasceu ela em 1384, da nobre família dos Brussa. Com apenas 12 anos, levava já uma vida extraordinária. Sua intenção era de não se casar, mas seu confessor aconselhou-a a não resistir às instâncias de seus pais, tendo esposado então Lourenço de Poziani.
Logo que se casou, caiu gravemente doente, sendo curada milagrosamente por uma aparição de Santo Aleixo, mártir romano. No lar, o teor de sua vida era severo e admirável. Desde o seu restabelecimento, Francisca dedicou-se largamente às obras de caridade. Junto à cunhada Vanosa, pedia esmola de porta em porta, para dar aos pobres nas vias públicas, em zonas onde não era conhecida.
Deus abençoou seu matrimônio, concedendo-lhe seis filhos. O falecimento do filho João, ainda criança, constituiu uma das alegrias de sua existência. Teve ele uma morte extraordinária, e disse ao expirar: “Vejo Santo Antônio e Santo Onofre, que vêm buscar-me para me levarem ao Céu”.
Vários fatos de transcendência pública influenciaram sua vida: a tomada de Roma pelo Rei de Nápoles, que desencadeou uma série de catástrofes sobre sua família; o exílio do Papa Eugênio IV, em virtude da guerra entre florentinos e milaneses, etc.
Ainda em casa do esposo, congregou em torno de si muitas senhoras da melhor sociedade romana, com o fim de se animarem na prática da piedade e virtudes cristãs.
Formou-se a primeira organização de senhoras que, em 1431, recebeu uma regra própria, dando origem às Oblatas de Santa Francisca Romana, cujo pequeno convento tinha o pitoresco nome de Tor de ‘Spechi.
Santa Francisca Romana fazia caridade
Após a morte do marido, juntou-se a suas filhas espirituais, conduzindo-as aos hospitais e às casas dos pobres. Muitas vezes, em lugar de um remédio ou recurso insuficiente, foi uma cura súbita e miraculosa que Santa Francisca levou aos necessitados.
Deus a consolou com revelações e comunicações místicas sobre a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo e Maria Santíssima.
Tornou-se célebre por seus milagres e dons de cura. Restituiu a vista aos cegos, a palavra aos mudos, a saúde aos doentes, e libertou muitos possessos do demônio.
Santa Francisca teve o pressentimento de sua morte e preveniu seus amigos. Pedia a Deus que a levasse desta vida, pois não queria ver as novas crises que já começavam a assaltar a Santa Igreja. Caiu enferma, vindo a falecer em 1440.
Na vida dessa mística italiana, as visões ocupam um lugar saliente. A propósito do que a Santa viu sobre o inferno, o célebre escritor católico francês Ernest Hello apresenta um apanhado sucinto e sugestivo em sua obra “Physionomie des Saints”.
Inúmeros suplícios, tão variados quanto os crimes, foram mostrados à Santa em detalhes. Por exemplo, viu ela o ouro e a prata serem derretidos e derramados na boca dos avarentos. A hierarquia dos demônios, suas funções, seus tormentos, os diversos crimes aos quais presidem, foram-lhe apresentados. Viu Lúcifer, chefe e general dos orgulhosos, rei de todos os demônios e precitos, rei muito mais infeliz do que os próprios súditos.
Continua amanhã…
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