quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Egipto: Irmandade Muçulmana quer impor a Lei Islâmica no país


A irmandade Muçulmana, que defende a aplicação da Sharia, a Lei Islâmica, no Egipto, destacou-se entre todos os partidos que convocaram as manifestações no final da semana passada, na Praça Tahir, no Cairo, impondo as suas palavras de ordem e, de certa forma, controlando os próprios manifestantes.

“Secularismo não. Queremos a lei da Sharia”, “queremos um estado islâmico” e “islão, islão, não queremos um Estado liberal”, foram algumas das frases que se escutaram entre as dezenas de milhar de manifestantes que se reuniram na praça principal da capital do Egipto.

A Irmandade Muçulmana, talvez o partido mais organizado actualmente no Egipto, defende a aplicação das leis do Corão na revisão da constituição. Jornalistas presentes no local recolheram testemunhos preocupados de pessoas, especialmente jovens, que pressentem que pode estar a haver uma tentativa de sequestro da revolução que obrigou Hosni Mubarak a abandonar o poder em Fevereiro.

“Tenho muito receio da potencial instauração de um estado islâmico no Egipto”, diz um destes manifestantes citado pelo Los Angeles Times. “Grupos como a Irmandade Muçulmana não consentem a democracia no seu movimento”, denuncia outro manifestante. Por sua vez, o pe. Luciano Verdoscia, missionário comboniano, afirma que se “caminha no escuro e não se sabe para onde vai o Egipto”.

Em declarações à agência Fides, este missionário recordou o ambiente de tensão que se vive no Cairo: “Nos últimos dias, houve atritos entre os jovens revolucionários e membros da irmandade muçulmana”. “Por outro lado – prossegue o pe. Luciano – os Irmãos Muçulmanos têm uma capacidade organizativa não indiferente e sobretudo apelam à identidade religiosa. Deve-se também considerar que ainda boa parte da população egípcia vive em áreas rurais. Estas pessoas não têm cultura e sua identidade é apenas a religiosa”.

Entretanto, os manifestantes acampados na Praça Tahrir, no Cairo, para anunciaram este domingo que vão suspender o seu protesto durante o Ramadão, que começa hoje, segunda-feira, para o retomar no final do mês de jejum muçulmano.

A situação no Egipto tem merecido um constante acompanhamento pela Fundação AIS, pois os cristãos, que representam apenas cerca de 10% da população de 80 milhões de egípcios, queixam-se de um clima de opressão constante.

É cada vez mais visível que os muçulmanos radicais querem impôr na prática aquilo que já está escrito na constituição do país e que declara o Egipto como uma nação muçulmana, o que significa que as suas leis têm de ser ditadas segundo o Islão. E o drama é que, para muitos, o islão não faz distinção entre política e religião.

Por todo o Egipto têm continuado as manifestações.E têm continuado as acções de violência contra os cristãos.

Desde Setembro do ano passado que têm ocorrido incidentes graves, com dezenas de mortos e feridos entre a comundidade cristã copta. Recorde-se que o bispo Aziz Mina, da Diocese de Guizeh, lançou um apelo, através da Fundação AIS, para que o mundo se mobilize a favor das minorias no Egipto.

Não fazer nada é colaborar na tragédia. “Façam alguma coisa antes que seja tarde de mais”, pede o prelado. Todos temos o dever de agir.

Departamento de Informação da Fundação AIS

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