Lacordaire almoçou com um senhor numa mesma mesa de hotel. Por ser Sexta-feira, pediu omelete. Por zombaria e também por certo interesse, o comensal começou a falar de questões religiosas. Entre outras coisas disse que não sabia que fazer com uma Religião que como a de seu digníssimo comensal, tinha mistérios tão contra a razão.
Lacordaire disse-lhe:
Com licença, você sabe como se faz um omelete?
- Oh! Claro que sim.
- Pois, como?
Coloca-se manteiga na frigideira, ao derretê-la rompe-se os ovos e frita-se…
- Bem, vejo que sabe. E como é a manteiga antes de colocá-la na frigideira? Dura.
- E depois se derrete, não é verdade? E os ovos, primeiro estão em estado líquido, e pelo calor ficam duros, não é verdade?
- Certamente.
- É realmente admirável: o mesmo fogo que derrete a manteiga, endurece o ovo. Você compreende isto?
O comensal se calou e sorriu.
Pois veja você, nem sequer você compreende um omelete, e quer compreender todas as coisas de Deus e da Religião. Mistério há por toda parte, até na comida que você come.
(DOCETE, Tomo I, Dios — Pe. Anton Koch, SJ — Editorial Herder, Barcelona, Espanha — 1ª. edição, 1954, pp. 323 — 324).
N.B.: É evidente que a ciência explica que misturando certos materiais e colocando-os ao fogo, uns endurecem e outros se liquifazem. Mas a ciência não explica porque uns se liquefazem e outros se endurecem. De outro lado, se todas as coisas de nossa Santa Religião se explicassem, não havia razão a virtude da Fé. Aliás, a virtude da Fé consiste exatamente, naquilo que não compreendemos.
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