quinta-feira, 17 de março de 2011
O MAIS JOVEM SANTO NÃO MÁRTIR DA IGREJA
Jovem salesiano, Santo 1842-1857
9 de Março
Falecendo com apenas 15 anos, aliou inocência e pureza angélicas à sabedoria de homem maduro, alcançando a heroicidade das virtudes
*****
O primeiro e mais abalizado biógrafo de São Domingos Sávio foi seu diretor espiritual e mestre, o grande São João Bosco. Dele extraímos os dados para este artigo.
Filho de Carlos Sávio e Brígida Agagliate, Domingos Sávio nasceu em Riva, vila de Castelnuovo de Asti, em 2 de abril de 1842.
Desde pequeno foi dotado “de uma índole doce e de um coração formado para a piedade, aprendeu com extraordinária facilidade as orações da manhã e da noite, que rezava já quando tinha apenas quatro anos de idade”.
Certo dia, durante um almoço em sua casa oferecido a um visitante, não tendo este rezado antes de começar a comer, Domingos pegou seu prato e retirou-se a um canto. Seu pai perguntou-lhe depois por que fizera isso. Ele respondeu: “Não me atrevo a pôr-me à mesa com uma pessoa que começa a comer como o fazem os bichos”.
Quando tinha cinco anos, ia à igreja com sua mãe; sua atitude devota chamava a atenção de todos. Se o templo estava ainda fechado, ajoelhava-se junto à porta, e aí ficava orando até que fosse aberto, não lhe importando se chovia ou nevava, se fazia calor ou frio.
Nessa idade, aprendeu a ajudar a Missa, o que fazia com muita devoção, apesar da dificuldade que tinha para transportar o enorme missal.
Seu programa de vida: “Antes morrer que pecar”
Chegado o tempo de aprender as primeiras letras, “como estava dotado de muito engenho, e era muito diligente no cumprimento de seus deveres, fez em breve tempo notáveis progressos nos estudos”.
Evitava todos os meninos arruaceiros e só estabelecia amizade com os de boa conduta.
Domingos confessava-se freqüentemente. Tão logo soube distinguir entre “o pão celestial e o terreno”, foi admitido à Primeira Comunhão, aos sete anos, quando na época a idade mínima para tal era 12 anos.
Pode-se perceber a maturidade do menino nos propósitos que deixou registrados nesse dia:
“Propósitos que eu, Domingos Sávio, me propus no ano de 1849, quando fiz a Primeira Comunhão, aos 7 anos de idade:
1o. Confessar-me-ei muito amiúde e receberei a Sagrada Comunhão sempre que o confessor me permita;
2o. Quero santificar os dias de festa;
3o. Meus amigos serão Jesus e Maria;
4o. Antes morrer que pecar.
Este último propósito, feito por um menino de tão tenra idade, mostra a que ponto haviam chegado sua precoce maturidade e sua virtude. Tornou-se ele seu programa de vida. Quantos meninos de 7 anos, hoje em dia, teriam semelhante propósito, sobretudo depois de terem sido massacrados por aulas da chamada “educação sexual”?
Calado, sofre injustiça por amor de Deus
Terminado o primário em Mondonio, para onde se havia mudado, Domingos tinha que ir até Castelnuovo duas vezes por dia, ida e volta, o que representava uma caminhada de quase 20 quilômetros diários. Para um menino de 10 anos, e franzino de compleição, era um esforço grande. Mas, movido pelo desejo de estudar para abraçar o sacerdócio, fazia alegremente o sacrifício.
Domingos, por sua inteligência e aplicação, obteve sempre o primeiro lugar na classe, além de outras distinções por seu bom comportamento e pelo cumprimento dos deveres.
Determinado dia, alguns colegas seus encheram de pedras a estufa da classe. Era uma grave falta de disciplina, que merecia como penalidade a expulsão dos infratores. Estes, porém, acusaram Domingos Sávio de ter sido o autor do ato. O mestre, um sacerdote, embora duvidando, teve que ceder ante as evidências que lhe apresentavam. Chamou Domingos, mandou-o ajoelhar-se na frente da classe, e diante de todos os seus colegas passou-lhe um pito, dizendo que só não o expulsava por ter sido sua primeira falta. Domingos abaixou a cabeça e nada disse.
No dia seguinte, descobriu-se a verdade. O sacerdote chamou então Domingos e perguntou-lhe por que não se havia justificado. Ele disse que queria imitar Nosso Senhor, que foi acusado injustamente e não se defendeu. Além do mais, sabia que sua defesa poderia ter causado a expulsão de outros alunos. Como seria sua primeira falta, sabia que seria perdoado.
Domingos Sávio: outro São Luís Gonzaga
Em 1854, Dom Bosco foi procurado por D. Cugliero, professor de Domingos, “para falar-me de um seu aluno, digno de particular atenção por seu engenho e piedade: — ‘Aqui nesta casa (o Oratório de Dom Bosco) é possível que tenhas jovens que o igualem, mas dificilmente haverá quem o supere em talento e virtude. Observa-o, e verás que é um São Luís’”.
Nessa ocasião Dom Bosco tomou conhecimento da existência de Domingos Sávio, que contava 12 anos. Ele assim o descreve: “Era Domingos algo débil e delicado de compleição, de aspecto grave e ao mesmo tempo doce, com um não sei quê de agradável seriedade. Era afável e de aprazível condição, de humor sempre igual. Guardava constantemente na classe e fora dela, na igreja e em todas partes, tal compostura, que o mestre sentia a mais agradável impressão somente com o vê-lo e falar-lhe”.
Conhecendo melhor o novo discípulo ao longo dos anos, afirmou ainda sobre ele Dom Bosco: “Todas as virtudes que vimos brotar e crescer nele, nas diversas etapas de sua vida, aumentaram sempre maravilhosamente e cresceram juntas, sem que uma o fizesse em detrimento de outra”. Era impressionante ver a seriedade com que cumpria com os menores deveres. “No ordinário, começou a fazer-se extraordinário. [...] Aqui teve começo aquela vida exemplaríssima, aquele contínuo progresso de virtude em virtude, e aquela exatidão no cumprimento de seus deveres, que dificilmente se pode avantajar”.
Declaração de guerra: morte ao pecado mortal
A devoção do pequeno Domingos para com Nossa Senhora era extrema. No dia 8 de dezembro de 1854, ano da proclamação do dogma da Imaculada Conceição pelo Bem-aventurado Papa Pio IX, ante o altar da Virgem, ele renovou seus propósitos da Primeira Comunhão e fez esta oração: “Maria, eu vos dou meu coração; fazei com que seja vosso. Jesus e Maria, sede sempre meus amigos; mas, por vosso amor, fazei com que eu morra mil vezes antes que tenha a desgraça de cometer um só pecado”.
Esse horror ao pecado era muito vivo em Domingos, que costumava dizer: “Quero declarar guerra de morte ao pecado mortal”.
Mas não era só ao pecado mortal. Dizia: “Quero pedir muito, muito, à Santíssima Virgem e ao Senhor que me mandem antes a morte que deixar-me cair em um pecado venial contra a modéstia”.
Isso não se obtém sem uma pureza angélica. Essa virtude terá sido obtida à custa de muita oração e vigilância? Ou, conforme declarou São João Rua, seu condiscípulo no Oratório, no processo de beatificação: “Tenho a convicção de que Domingos, por singular privilégio, não estava sujeito a tentações contra a castidade”.
Desejo intensíssimo de santidade
Seis meses após a entrada de Domingos Sávio no Oratório, Dom Bosco fez aos alunos uma preleção sobre o dever que todos têm de serem santos, e a facilidade que há nisso, caso se busque em todas as coisas a vontade de Deus com toda simplicidade. Isso inflamou beneficamente Domingos Sávio, que foi procurá-lo e disse: “Quero dizer-vos que sinto um desejo e uma necessidade de fazer-me santo. Nunca teria imaginado que alguém pode chegar a ser santo com tanta facilidade; mas agora que vi que alguém pode muito bem chegar a ser santo estando sempre alegre, quero absolutamente e tenho absoluta necessidade de ser santo”.
Procedendo como experimentado diretor espiritual, Dom Bosco relata: “A primeira coisa que lhe aconselhei, para chegar a ser santo, foi que trabalhasse em ganhar almas para Deus, pois não há coisa mais santa nesta vida do que cooperar com Deus na salvação das almas, pelas quais Jesus Cristo derramou até a última gota de seu preciosíssimo sangue”.
Domingos transformou esse conselho em programa de vida, tornou-se um batalhador. “Não deixava passar ocasião de dar bons conselhos e avisar a quem dissesse ou fizesse coisa contrária à santa lei de Deus”. Exclamava: “Quão feliz seria se pudesse ganhar para Deus todos os meus companheiros!”. Dizia também que gostaria muito de reunir as crianças para ensinar-lhes o catecismo. Tinha presente quantas crianças, ao chegar à idade da razão, corrompem-se moralmente e perdem suas almas. A esse propósito, observou: “Quantos pobres meninos se condenam talvez eternamente por não haver quem os instrua na fé!”
Zelo pela conversão da Inglaterra
Seu zelo ia muito além. Não se restringia à sua vida espiritual, seus horizontes eram largos. Várias vezes disse a D. Bosco: “Quantas almas esperam nossos auxílios na Inglaterra! Oh! Se eu tivesse forças e virtude, quisera ir agora mesmo, e com sermões e bom exemplo, convertê-las todas a Deus”. Ele teve mesmo uma visão a esse respeito, e pediu que Dom Bosco a comunicasse ao Papa, quando fosse a Roma.
Afirma São João Rua: “Era verdadeiramente admirável que em um jovenzinho de sua idade reinasse tanto zelo pela glória de Deus, até o ponto de sentir horror e mesmo sofrer fisicamente quando ouvia alguém blasfemar, ou via de qualquer modo ofender-se a majestade de Deus”.
Outro condiscípulo mostra seu amor combativo pela fé, contra as heresias: “Naqueles tempos, mais de uma vez encontrei emissários protestantes vindos expressamente ao Oratório para semear seus erros. E um dos mais solícitos para impedi-los nessa ação era o jovenzinho Domingos Sávio”.
“Sua oração predileta – afirma Dom Bosco – era a coroa ao Sagrado Coração de Jesus para reparar as injúrias que recebe dos hereges, infiéis e maus cristãos”.
Enfim, muita coisa poder-se-ia ainda dizer sobre São Domingos Sávio, que ultrapassaria os limites deste artigo. Ele faleceu santamente no dia 9 de março de 1857 aos 15 anos de idade. E Dom Bosco tinha tanta certeza de sua santidade e futura canonização, que, num epitáfio que lhe escreveu, diz: “[...] Os que, havendo experimentado os efeitos de sua celestial proteção, gratos e ansiosos, esperam a palavra do oráculo infalível de nossa Santa Mãe a Igreja”.
Plinio Maria Solimeo
Publicado por Alphonse Rocha às 00:27
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Seguidores
Acerca de mim
Arquivo do blogue
-
▼
2011
(746)
-
▼
março
(72)
- Sem título
- Por que acendemos velas?
- Sem título
- Um mártir de nossos tempos
- Sem título
- Salmos, 1
- Sem título
- Em cima do muro?
- Sem título
- Com Nosso Senhor Jesus Cristo não temos mais sede
- Recados animados
- Sem título
- Hoje há mais bruxas que na Idade Média?
- Sem título
- Estudo indica que religião pode acabar em 9 países...
- A Têmpera
- Sem título
- Santa Catarina da Suécia, virgem, religiosa, +1381
- Mediação de Nossa Senhora
- Sem título
- As Mãos de Minha Mãe
- EU SOU O AGRICULTOR DIVINO
- Sem título
- O rei e os peixinhos do lago
- Sem título
- Mais uma aparição de Nossa Senhora aprovada pela I...
- A tentação e o sinal da cruz
- O Papa que morreu por causa do Evangelho
- Como se faz para pedir corretamente a intercessão ...
- Sem título
- ORAÇÃO A JESUS CRISTO
- O MAIS JOVEM SANTO NÃO MÁRTIR DA IGREJA
- Sem título
- S. Cirilo de Jerusalém, bispo, Doutor da Igreja, +386
- Judas Iscariotes, a vida de um traidor – I
- Sem título
- Santa Maria Goretti — Sagacidade e força
- Em tempos de aflições recorra a Divina Misericórdi...
- Sem título
- Você sabe o valor de uma Missa?
- Santa Teresinha: “Vou passar o meu céu fazendo o b...
- O que é Milagre?
- Oração em verso ao Santo Crucifixo
- Sem título
- A face dos santos
- A canoa e o apego
- Sem título
- Hoje é aniversário da Jacinta, qual será seu prese...
- Sem título
- Sugestões para a Quaresma
- SALMO 1, 1-2.3.4.6
- O SANTO PADRE IRÁ DIREITO AO CÉU...
- SÓ CINZAS, MEU JESUS...
- Sem título
- Santo Afonso Maria de Ligório escreve:
- Sem título
- Sem título
- Sem título
- Só seremos unidos no céu, se formos unidos aqui na...
- Sem título
- Você tem a santa alegria em sua vida? Descubra est...
- Sem título
- Oração para ter as ofensas cometidas perdoadas
- Sem título
- “Bela como a lua, brilhante como o sol”
- Sem título
- A medalha mais difundida de todos os tempos
- Sem título
- Salmos, 62
- Sem título
- Salmos, 65 e 1
- O lenhador e a raposa
-
▼
março
(72)
A minha Lista de blogues
-
-
LIBERDADE DE DEUS - . . Para mim, a liberdade é Cristo. Só em Deus e no Seu amor eu sou realmente livre. Ainda me deixo prender por muitas coisas do mundo, mas nos mo...Há 1 dia
-
Um pastor que dá a vida - A liturgia pascal tem o objectivo de celebrarmos a ressurreição de Jesus, mas também de a vivermos na nossa vida. É a ressurreição de Cristo a chave q...Há 4 dias
-
a droga - Na aldeia toda a gente se conhece e toda a gente sabe tudo de todos. Toda a gente se mete na vida de toda a gente. Ninguém é indiferente a ninguém, para o...Há 5 dias
-
-
Os meus medos - Parece serem poucos. Vamos ver. Porém, estou ciente que são suficientes para me atormentarem o espírito e o cérebro. Tenho medo dos silêncios cobardes e ...Há 1 ano
-
Do outro lado... - ...do oceano, há muitas promessas de futuro, de melhorar as condições de vida... de sair do marasmo, a que políticos corruptos nos condenaram. Muitas hora...Há 6 anos
-
Testemunho de conversão - Olá! Meu nome é D., neste ano de 2017 completarei 26 anos. Faço parte do movimento Renovação Carismática Católica (RCC) em uma Comunidade desde 2002. Meu ...Há 6 anos
-
Não ficar na mediocridade - Celebramos neste domingo a festa da Ascensão do Senhor. Jesus sobe ao céu e pede aos discípulos que vão mundo fora, anunciar o Evangelho a toda a gente....Há 8 anos
-
CONTO DE NATAL 2014 - . . Lá fora a escuridão permanecia, naquela cidade sem luz, destruída desde o início da guerra. Aqui e ali, o céu era cruzado por luzes brilhantes que ...Há 9 anos
-
CRER EM DEUS - *albanonogueira@sapo.pt* *http://deixadeusentrar.blogspot.com* *A fé em Deus não é como a matemática ou a física. Ciências exatas que se podem comprovar.* ...Há 9 anos
-
MUITO TEMPO... - *albanonogueira2012@sapo.pt* *http://operfumededeus.blogspot.com* *Já há uns tempos que não escrevo nos bloggues.* * Muitas ocupações e alguma preguiça,...Há 9 anos
-
-
A pureza da Intenção - Não é tanto a duração de uma oração, mas o fervor com a qual é rezada que agrada a DEUS Todo-Poderoso e toca seu Coração. *Mais vale uma única Ave Maria r...Há 10 anos
-
Muito dinheiro – a grande tentação - Deus não condenou as riquezas, mas o mau uso delas. Sendo o homem criado para viver em sociedade é eminentemente um ser influenciante e influenciável, tudo...Há 10 anos
-
Evangelho segundo S. Mateus 9,1-8. - Naquele tempo, Jesus subiu para o barco, atravessou o mar e foi para a cidade de Cafarnaúm. Apresentaram-lhe um paralítico, deitado num catre. Vendo Jesus...Há 10 anos
-
A alegoria das ferramentas - Há muito tempo atrás, em uma carpintaria, quando todo o trabalho havia acabado, as ferramentas começaram a conversar entre si. Elas discutiam para saber q...Há 11 anos
-
O CATETERISMO DE DEUS - Nestes últimos dois dias, (regressei há pouco a casa), por causa de algumas “suspeitas” com a minha saúde, tive de fazer um cateterismo no hospital. Um c...Há 12 anos
-
-
A liberdade religiosa uma emergência humanitária - “A intolerância, a discriminação e a perseguição dos cristãos de hoje é uma emergência humanitária que nos afecta a todos. Um problema para a sociedade civ...Há 12 anos
Sem comentários:
Enviar um comentário